Poesias

Discussões, brigas, um devaneio de pensares, um relacionamento, uma história de amor...
Romance rompimento
Em poesia de um exorcismo,
De Paixão turbulenta


Rodolfo Verdessi hoy

                                       1-A partida

Em viagem me encontro
Sentado na poltrona silenciosa...
Suportando meu pesso
E meus pensamentos...
Pesados e por vezes leves.
Que faço com minha tristeza
Enxarcada de solidão?
Nesta estrada
Longa e escura,
Onde fleches de luzes
Misturam-se as sombras,
Acariciando meu rosto.

O barulho do motor,
As rodas a me levar...
Meus sentimentos a se confundir,
Palavras tuas a ecoar nos pensamentos...
Turbulêntas, vorazes, de guerra... De batalha.
Para romper
E quebrar as velas
Que nos levam
A encontrar o tesouro do ego,
O tesouro escondido.
Não, não vou mais embarcar
Neste navio
Escuro e rachado.

Nesta penumbra
Que agasalha e cobre
Meu coração,
Não esqueço sua língua
proliferando óxidos
Radioativos da raiva;
Vomitando
Os vermes do desencanto,
Fazendo-me
Esquecer um pouco
Do que ainda sinto por ti.
Criando um ódio turvo
E por vezes... Maquiavélico.
Em prantos enlouquecidos,
Desfigurados,
Estamos quase nos despedindo.

Fixamente como os quadros
Imovéis as palavras,
Meus olhos
Observam as luzes
A se despedir.
Nem aceno...
Tétrico numa viagem
Que parece não ter volta.
Com objetivo de pedra
E... só pedra.
O que fiz?
O que você fez?
E nossa vida, nossa história?
Sera eu?...
Sera que teu amor
Transformou-se
Num rio enfermo
Agonizando, sem lutar,
Esperando a morte
Sem importar-se?

Uma das chagas
Adentra-se adentra no meu peito,
Como um parasita
A tirar a vida da sua presa...
Silencioso... Mas, voraz.
Entre um piscar e outro,
Entre o sono e a insônia, Só enxergo as farpas do desgosto,
Da decepção...
Quero ir embora,
Quero te deixar,
Quero desistir.
Mas, te amo.
Quero, quero negar meu amor.
Sai... sai... sai...
Sai das raizes do meu pensar.
Deixe-me arrastar-me
E rastejar em direção
A outro destino.
Sai.
O ar mudou,
Temperatura elevada
Da chuva ao sol,
Da penumbra da noite
Ao inquietante
Despertar do sol,
O circo da vida
Tem que continuar.
Malabarismo de um sentimento
No trapézio
Do ódio e da dor
Nos sentimentos
De alguém em confusão.
Parada final,
Os passos a porta,
O olhar a cidade,
Que entre
Suas pernas
Recebeu-me
Para tentar despir-me
E esquentar-me
Em seu corpo encantado de mar.
O sol até então
É morno,
Uma nova história
Irá acontecer,
Um novo rumo
Irei encontrar.

   
                        No mar... Odisséia
               De pensamentos fragmentados
              Num olhar ao barco triste

À beira da praia
Fiz a primeira caminhada,
Ia destruindo
As areias finas, Que combatiam ferozmente
Contra as plantas dos meus pés.
Sentado
Na pedra solitária
De tão cinza,
Avisto um barco
Debatendo-se contra as águas
Pra continuar flutuando,
E não afundar.
Branco e azul,
A paz... A vida...
O silêncio
Da solidão, O flutuar da morte.
Não quero mais te ver...
Mas as sombras
Do teu olhar, agarram-se
Entre meus pensamentos;
Como os corais
Aderem-se as pedras
E aos barcos velhos
Afundados e engolidos pelo mar.
Parasita do meu coração,
Inferno de minha alma.
Como pude
Apaixonar-me
Por esse ser indomável?
Que de anjo celestial,
Transforma-se
Em Araucana de guerra. Deixe-me viver
Profanadora dos meus desejos.

Devo-te agradecer... Ensinaste-me a odiar,
Trouxestes a vingança para meu coração,
E a dureza
A minhas palavras...
O inferno apoderou-se de mim,
Transformando-me
Em alguém
Que nem mesmo conheço.

Na senzala d`minha casa
Fiz-te morar,
Acorrentada as sombras
De um pensamento
Macabro e tormentoso. Achei que cairias...
Mas, tu eras pior
Do que imaginava.
Tinhas força
Para combater... Para lutar.
Conseguias lançar-me
Num abismo sem fim,
Com fantasmas
Grudados nas suas paredes,
Gritando por mim.
Quantas vezes destruiste-me?
Cristãos e muçulmanos
A inquisição
A acompanhar
Nossa história,
Que só faltavam as cruzes...
A nos esperar,
De braços abertos
A nos agasalhar.

Ví outro mundo,
De vermelho e preto,
De sangue e escuridão.
Como ratos e cobras
Conseguimos viver,
Entre a calmaria
E o medo da morte
Seguiamos a nos amar.
Insistimos na destruição da alma alheia.
Você me aniquilou,
Feriu-me
Com o punhal da dor. Rasgastes meu coração impiedosamente.
Pouco a pouco
‘A lâmina adentrava
Sem compaixão,
O sangue,
Gota a gota
Esborrachando-se no chão.
O som de cada uma delas
A se instalar nos ouvidos.
Como poderei me vingar?
Terminar...
Não poderia te destruir.
Não, não, não...
Não sou assim.

Barco,
Barco da amargura.
Odeio-te,
Vai-se embora,
Não açoites este mar inquieto.
Suma!
Vai-se embora!
Não deixes que outros vejam
Você fazendo amor
Com a deusa das águas.
Desapareça...
Silêncio...
Desaparecimento dos pensamentos.
Um pequeno instante de reflexão.
Por alguns minutos...
A paz me invadiu.
É hora de se levantar,
De andar solitariamente
Entre o rebanho.


                             Vivo em dó menor

Estreitando-se o espírito
A se quebrar em fragmentos,
Pelo chão
Cinzento que navego.

Os pensamentos opacos,
Como a opala a se aflorar,
Em lembranças
 Amargas que vivi.

Minhas sandálias
São o veiculo triste
A me carregar...
Na estrada
Do mistério sombrio.

Ofegante é a brisa
A me saudar,
Nas horas líricas
Dos cantos esquecidos
De um músico. No emaranhado
De raízes
Do pensar.

Na periferia
Do meu coração,
Batidas de um tambor entristecido.
Sigo desvendando
Os tesouros polidos
De um mapa esquecido.


             Meus dias! Labirinto entre o bem o mal

As noites, os dias,
Os entardeceres
E amanheceres,
Pouco a pouco
Iam se passando.
Entre o trabalho e os filmes,
Iam preenchendo-se meus dias.
Solitariamente,
As correntes enferrujadas
Uniam-se
A um pulso
Enfraquecido pelos pensares.
Lembranças torpes
De um passado recente e entristecido.
Entre um filme e outro,
Escrevia minha revolução interna,
Minha raiva,
Meu ódio e paixão.
Sustenidamente
Minha missa
Arrastava-se em meu peito.
Nem Rosarios,
Nem orações,
Para salvar nossa história.
Adeus!...
Televisão ligada nas madrugadas,
Corruptora dos sonhos...
Consigo dormir.


                          Pensamentos mudam... O caos, as águas...
                          Sentimentos em gladiação. Cabeça e
                                              Coração
Orquídea roxa,
Como mudas de cor
Em minhas lembranças.
Atordoado encontro-me,
Como vagalumes
Entorno a luz.
Vitral da minha igreja,
Torre neogótica,
Umbral das minhas sombras.
Não sabes dos pesadelos por ti. Não sabes que meu coração
Quer- te distante,
Longe dos meus mantras.
Que confusão me deixas-tes...

Hoje fiz minhas confições
No meu próprio confessionário.
O céu... O inferno,
Dançam uma valsa lenta
Entre meus braços. Posso perdoar-te!
Perdoando-me...
Tirando as correntes ásperas
E enferrujadas
Dos pulsos.
O abismo escuro que entrei
Tem fim,
Tem solo rígido e forte.
Posso dar-me outra chance.
Nestes dias que te odiei...
Descobri o quanto gosto de ti.
Fui Filipino na dor.
Crucifiquei-me
Na cruz negra da angústia.

Sol que emana
A radiação que preciso,
Temperatura que eleva
Os sentidos da razão,
Coisas que me fazem esquecer
Dos problemas ao redor;
Belos desenhos
De uma dinastia esquecida,
Entram em meus olhos novamente
Pela porteira da vida;
Vaca indiana
Que abençoa os homens,
Na encarnação destas vidas.
Aceitarei você
Entre meus rins,
Navegarei.
Tentaremos novamente caminhar
Na trilha estreita,
Tão difícil,
Tão dolorosa,
Que nos leva a um vulcão.
E...
Seguiremos em frente.

                     Calmaria... Lava ardente a espera
                     De explodir. Vulcão dormente a
                     Espera de acordar... Estou levando
                     Um manto para que não sintas frio.

O tempo
Enriqueceu o rio de prata
Que corre em minha alma.
Sei que ao partir
Irei de encontro a ti;
E terei que trabalhar
As torneiras frouxas
Que emanam água
Dos meus peitos.
Irei rastejando como as cobras,
Prestes a dar-te o bote.
Com minha língua triangular,
Vedarei tua pele,
Para com as presas,
Arrancar tua carne,
E, envenenar-te o sangue.

Com meus átomos e neutrons,
Sentimentos e ideais.
Poesia grotesca,
De lamber o chão...
Cheio de micróbios, bactérias e fungos.
Terei de laçar-te
E logo amordaçar-te,
Para não dizer nada,
Para não perceberes nada,
Para seguir em frente...
Normalmente...
Como se nada tivesse acontecido.

Novas orgias,
Como passarinhos
Em primavera sem fim.
Como orquídeas haveremos de nos agarrar;
Entre as cores infinitas
Dos teus feromônios tão ferozes.
Estou ansioso pra partir.
O mês está acabando... Meu trabalho já foi fundado.
Não a mais nada a fazer...
Só olhar pela última vez
O MAR...
Imenso e mórbido.
Como uma boca
Querendo engolir-me.
Por isso te respeito,
E entro só quando estais distraído,
Olhando pros lados
A procura de alguma vítima.
Desta senhorita morte
Prefiro estar mais longe...
Distânte...
Onde não poças abraçar-me.
Oh! Diva
Dos deuses da dor,
Voltarei a ti um dia,
Para enriquecer a nossa história.
Acredito que um dia iremos dançar
E embriagarmos,
Nas noites intermináveis
Do nosso sarcófago.


                           Trilogia de um amor psicótico,
                           Em doses homeopáticas de carinho
                                                  
                             1-SONHOS

Sentindo o vento
A atropelar meu rosto,
Sento-me
Na pedra louca
Do inicio
Dos meus versos.
Onde se torna
Tão amável,
Tão carinhosa.
Distante das sombras escuras
E nebulosas
Que permeavam o mar,
Louvando o sol.
Tão calmo estou,
Sou outro,
Reflexo do pensar,
Reflexo dos sonhos
Aderindo-se

Ao coração.
  

                                  2-VOCÊ   

Você
É a erante desbravadora,
Dos sentimentos...
À noite... Nas noites.

Você
È fogo que embriaga
A solidão do homem...
À noite... Nas noites.

Peninsula
A invadir o mar,
Xicote a açoitar o coração,
Assombração da criação.

É meu equilíbrio na existência,
A caravela da conquista.
No olhar dos índios...
Quando te viram.

No viajar da aurora,
Estas á cantar o dia.
Como as fadas
De uma história de mistério,
Voas em direção as estrelas.
Como a maldade
De uma lâmina de guerra,
Entras em minhas entranhas sem perdão.

Você
É o cálice de vinho
Que tenho de beber...
Todos os dias...
E...
À noite, nas noites.


                                         Á volta

Espere-me...
Minha cintura está quente.
Tuas pernas
Instalaram-se no meu pensar.
Canto lírico
Nas pétalas
Dos meus ouvidos.
Orgasmos putreos
Dos desejos insanos.
Farei-te esquecer
Dos problemas criados por nós.
Da novela última da noite.
Nossas noites serão mais longas;
Nossa história
Irá continuar;
Novas discussões,
Novos sonhos,
Novas criações,
Novas armadilhas,
Novos gritos, sonhos,
Torturas...
O amor em pimenta malagueta.
Daqui pra frente...
Vênus e Homero
Unirão-se.
Armagedon singular.
Um caminho a seguir.


                                  FIM...

                                    O PODER ESCONDIDO

Quando consigo
Atrair a presa
Ao meu mundo.
Acorrento sua alma
A minha.
Fundindo-se
Como numa forma só.

Mostro-te
Todos os segredos;
Todos os mistérios.

Entrego-me
A todo vapor,
Sem ter medo da dor
Ou da paixão.

Abro-me como um peixe,
Antes de ir ao prato.
Mostrando-lhe
Cada célula que cerrego,
Cada gota de sangue Que cortam
Os pólos do meu corpo.

Conto tudo
Como em grandes fantasias.
Como um cataclismo
A passar,
Deixando um rasto eterno
Nas lembranças.

Sou a profesia
Dos livros...
Sou a história
Do passado...
Sou a lenda
Da imaginação.

Tenho Meus segredos...
Meus mistérios
A compartilhar.

É nesse mundo
Dessa história complexa,
Onde meu poder
Fortalece.
Em cada instante,
Em cada momento
Vivido.
Neste teatro da vida.
Sou louco místico,
Bruxo careta,
Grosso amigo,
Amante companheiro,
Nervosso tranqüilo.
Finalmente...
Sou a alquimia
Do amor...
A mistura do eu e você.

      FIM